Quatro anos

aí ele chegou, matreiro,

menino bamba,

de roquenrol e de samba,

já querendo brincar de terremoto

no terreiro

remexendo esse chão já tão molengotengo

incerto, inseguro,

perigando de olho no futuro.

já chegou no dengo, cheio de marra

cheirando à farra e à farinha

moleque de asas livres, cariris, caraíbas,

de terras paraíbas ancestrais,

do chão do mundo,

do ventre-mãe.

 

chegou de manha, de mansinho, de manhã

com o sol queimando,

descascando a palavra amor

despalavrando-me todo

desvelando troços

revelando troças

reensinando ouvidos

desvirando sentidos

balançando certezas.

 

nos seus olhos,

no seu riso: o desconcerto

o destempero

a folia

o jeito manso e festeiro

de quebrar com os ranços

e com a ortodoxia

 

e lembro hoje como os ontens

de repente viraram hojes e amanhãs

– viraram urgências

premências e contemplações

de uma hora pra outra

como se o futuro brindasse a vida

e a avenida

com um simples abrir de janelas…

 

e desde então ele é meu homem

meu guri, meu guru,

meu daniel san,

espelho, esteio,

estrondo e sentido.

de cujo olhar todo dia sai

um forte raio, um certo brilho…

e vivo assim rendido

feliz, vivendo seu haicai…

e cada vez ele vira mais meu pai

e cada vez mais vou virando mais seu filho.

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