aí ele chegou, matreiro,
menino bamba,
de roquenrol e de samba,
já querendo brincar de terremoto
no terreiro
remexendo esse chão já tão molengotengo
incerto, inseguro,
perigando de olho no futuro.
já chegou no dengo, cheio de marra
cheirando à farra e à farinha
moleque de asas livres, cariris, caraíbas,
de terras paraíbas ancestrais,
do chão do mundo,
do ventre-mãe.
chegou de manha, de mansinho, de manhã
com o sol queimando,
descascando a palavra amor
despalavrando-me todo
desvelando troços
revelando troças
reensinando ouvidos
desvirando sentidos
balançando certezas.
nos seus olhos,
no seu riso: o desconcerto
o destempero
a folia
o jeito manso e festeiro
de quebrar com os ranços
e com a ortodoxia
e lembro hoje como os ontens
de repente viraram hojes e amanhãs
– viraram urgências
premências e contemplações
de uma hora pra outra
como se o futuro brindasse a vida
e a avenida
com um simples abrir de janelas…
e desde então ele é meu homem
meu guri, meu guru,
meu daniel san,
espelho, esteio,
estrondo e sentido.
de cujo olhar todo dia sai
um forte raio, um certo brilho…
e vivo assim rendido
feliz, vivendo seu haicai…
e cada vez ele vira mais meu pai
e cada vez mais vou virando mais seu filho.