Final dos anos 80, quando ainda era permitido propaganda de cigarro, existia o Free Jazz festival, evento anual altamente badalado, que trazia uma nata boa da música mundial pra cá, com o jazz como mote. Free era um cigarro popular em vendas na época e a brincadeira com o ‘free jazz’ era irresistível.
Moleque fui em uma edição no Hotel Nacional em que tava o mestre Hermeto, completamente endiabrado, naqueles dias de iluminação total. Destruiu, sacudiu, chapou a plateia. Pra mim, adolescente, caxiense, office-boy, era como se tivesse vendo um deus arrebatador.
De repente repara-se que na frente do piano dele tem um outro piano e naquela voz característica do cabra ele anuncia: “vou chamar agora pra tocar comigo o meu amigo Chico Corrêa”. Não estava anunciada a canja e aí, diante dos risos, entra ninguém menos que o lendário Chick Corea, um cara absolutamente sinistro, um dos grandes nomes da música mundial naquele momento.
E aí o coro comeu pesadão e aí muita gente ficou sabendo como o cara amava a música brasileira e como a música pode ser mesmo um alimento divino.
Valeu por tudo, Chico Correia!