Tudo indica que este é o primeiro avistamento relatado no Brasil de um objeto voador não identificado, feito pelo capitão de fragata Augusto Leverger, o Barão de Melgaço, e que está registrado na edição da “Gazeta Official do Império do Brasil”, quinta-feira, 26 de novembro de 1846, página 295.
Veja aqui o fac-símile da publicação.
O texto:
“Na expedição das canhoneiras de Cuyabá para a cidad de Assumpção, sob o comando do Capitão de Fragata Augusto Leverger, observou este hum extraordinário phenomeno meteorológico que descreve de maneira seguinte:
”Observei esta noite hum phenomeno como nunca antes vira. As 5 horas de 57 minutos estado o céo perfeitamente limpo, calma, thermometro 60º, hum globo luminoso com instantânea rapidez descreveo huma curva de como 30º, ao rumo NNO. A direção fazia com o horizonte ângulo de, aproximadamente, 75º e 105º e agudo aberto pelo lado do Oeste.
“Deixou substituir huma faixa de luz de 5º ou 6º de cumprimento e 30º a 35º de largura, na qual distinguião-se três corpos cujo “brilho era muito mais vivo que o da faxa, e igualava, se não excedia, em intensidade, o da lua cheia em tempo claro. Estavão superpostos e separados um dos outros.
O do meio tinha a aparência quase circular; o inferior parecia um segmento de circulo de 120º com os raios extremos quebrados; a forma que apresentava o de cima era de hum quadrilátero irregular; a maior dimensão dos discos seria de 20 a 25’. Emfim acima delles via-se huma lista de luz muito fraca em forma de zig-zag de como 3’ de largura e 5º ou 6º de comprimento. A altura angular da faxa grande sobre o horizonte parecia de 8º (Receosos de perder alguma circunstância do phenomeno não recorri ao instrumento para medir essas dimensões).
Foi tudo abaixando com não maior velocidade apparente do que os astros no seu ocaso, porém os globos luminosos mudarão de aspecto tomando a forma elíptica de cada vez mais achatada, e embaciando até parecerem pequenas nuvens. A faixa grande inclinou-se para N até ficar quase horizontal, mas o zig-zag sempre conservou a mesma direção. Depois de 25’ tudo desappareceo, e não houve o mais leve signal de perturbação na atmosphera.
Na cidade de Assumpção conversei com o Ministro do Brasil e diversos outras pessoas que testemunharão esta, para nós todos, singular apparição. Huma circunstância que ao me parece muito digna de notar-se, he a direção em que o Ministro observava o phenomeno, não houve engano, pois referia a observação a hum auro cujo azimuth era fácil verificar, a esta direção era proximadamente de ONO, fazendo por tanto hum ângulo de 45º com a de NNO, que eu notara.
Submeti ao calculo trigonométrico esta enorme parallaxe combinada com as posições geográficas de Assumpção e do lugar onde eu observei, e achei que o phenomeno devera verificar-se na região atmospherica e tão somente a 3 légoas de Assumpção”.
O relato foi publicado no Boletim Edição 12, em novembro de 1959, da Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores (SBEDV) .