o poema-flor, o poema-amor
o poema certo e reto
poema de moças de laçarotes em parapeitos de janelas
enfim, o poema oh, assim-assim
este poema, amiga, eu o sujo com a palavra bosta.
bosta.
quem sabe também com a palavra sangue.
o sangue derramado nos assassinatos das esquinas
o sangue escorrente das menarcas das meninas.
sangue.
o poema-azul, o poema-sul
poema positivo, morto-vivo
poema de boas maneiras de hipócritas bandeiras
enfim, o poema tapinha nas costas
este poema, caro amigo, eu o mancho com a dura fome.
fome dos que nem tem nome, nem causa, nem pouso.
fome.
e a viver só fantasia
prefiro um poema que nem sei
fora do tom
fora do dom
fora da lei
às vezes é bom vazar o som
às vezes é bom matar o bom